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Cartas-->CARTA A RICARDO ALFAYA -- 23/10/2000 - 23:34 (Fernando Tanajura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
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Nota preliminar:

9. No poema Refúgio o eu poético se fecha. O poema fornece pistas ao leitor, ao mesmo tempo que as sonega. Sente-se ou intui-se mas não se tem plena certeza. O refúgio máximo é o roer dos próprios dentes, o hospíco referido. Há uma desesperada busca de sentido que não se completa, os mensageiros trazem mensagens indecifráveis. A linguagem é analógica como nos sonhos (aliás, imagem referida), mas se refugia no discursivo. Não há aqui a vertingem como no poema anterior [Canto da Terra] que falava nas medusas, mas há ligação contextual, a temática é recorrente. Há uma luta, uma guerra interior versus exterior, bem como interior versus interior. A pista são os
fuzis que os mensageiros carregam. Os dorsos lembrarm figuras mitológicas, assim como os
deuses pagãos. Os símbolos se ameaçam denunciar, ensaiam oferecer-se plenamente ao leitor apenas para novamente se retraírem, refugiando-se no
silêncio do "chão quieto", que é o próprio poema. Passando-se do início ao final, a referência à morte sugere a imagem de túmulo. O refúgio final é também o túmulo, quietude máxima onde dorme a palavra, o sentido e o poeta. Em última análise, o poema aparece como refúgio da palavra e do poeta, mas também, como seu túmulo.

Ricardo Alfaya]
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Caro Ricardo,

Acho que meu eu-poeta anda numa busca constante, mas desabrochou mesmo com o poema Sonhos azuis e seguiram numa linguagem decorrente, e muita ligação contextual, os poemas: Nem te olho, Enigma, Cerziduras, O barco das ilusões, Canto da Terra, Refúgio e Fogo-fátuo, onde finalmente
ofereço as minhas vísceras na esperança de iluminar o mundo com um fogo-fátuo - consumindo e apodrecendo meus restos materiais para, ao
menos, dar uma luz efêmera para o resto da humanidade. De fato, faço esse jogo de me abrir e me fechar, como pulsando com vida, dando pistas ao leitor e ao mesmo tempo sonegando-as, não dando certeza de nada, justamente para fazer quem me ler pensar nessas buscas. Deixo que os que me leem roam seus próprios dentes a procura de um sentido ou no sentido do poema ou da vida. Misturo sonhos alegóricos com símbolos, realidades com fantasias com o propósito de provocar essa procura, para aguçar o leitor a decifrar os códigos. As imagens mitológicas, o simbolismo, as lutas interiores e exteriores, a fatalidade, os metais e as pedras preciosas também são propositais e quase constantes em todos eles. Contudo, cada poema,
apesar de ter uma linguagem idêntica, tem um sentido próprio e independente: os sonhos do passado projetados no futuro, o medo da entrega, a não comunicação levando às interrogações, a costura dos pedaços de momentos, os sonhos que partem do cais, a vertigem da busca do ponto umbilical da Terra, o cansaço dessa busca procurando um "chão quieto", por último, a
entrega total das próprias vísceras num alguidar de barro se oferecendo como num sacrifício para manter viva a esperança de uma vida. Vou um pouco
além da sua afirmativa que "o refúgio final é também o túmulo, quietude máxima onde dorme a palavra, o sentido e o poeta". Mesmo achando essa
quietude, a palavra, o sentido e o poeta não silenciam nem acham o refúgio final e sim descansam da prontidão constante para o mais leve toque da chamada. Todos eles continuarão latentes numa linguagem silenciosa e sempre atentos para a vida, basta que alguém lhes faça o menor contato. Será que isso é que é a imortalidade? Às vezes me apavora. A vitória sempre, e final, é da palavra que não se cala nunca, mesmo muda ou quando é
indecifrável em placas, quando está cansada querendo o silêncio, quando não agüenta mais caminhar e carregar os fardos pesados do viver.

Aceite um grande abraço.

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